terça-feira, 23 de agosto de 2011

20- RESPOSTA AO BLOG- Apometria Universalista: O criador do reiki - parte 2 - final






Prezado Senhor Gelson,
Em respeito ao seu trabalho e em respeito aos milhares de praticantes de Reiki no mundo, creio que devo prestar alguns esclarecimentos:

1º Lugar: A prática de Reiki é tão antiga quanto as primeiras civilizações sagradas. Reiki como energia é um nome para a Luz que se irradia do Divino. Ela assume vários nomes de acordo com a tradição abordada. Reiki Ho, significa técnica de irradiação de Energia Universal. Poderia também ser chamada de Chi ou Prana. Foi originária no Japão e como se comentou no "post", foi desenvolvida por Mikao Usui, cuja procedência histórica está devidamente documentada pelo monumento em sua homenagem, presente à vista de todos, em um cemitério em Tóquio. Sua existência é inquestionável. Seu método foi muito diferente daquilo que se imagina no Ocidente. Não havia participação monetária para fazer os seus cursos. Ele inciou mais de 2.000 pessoas no Japão e uma delas foi um oficial da marinha japonesa de nome Chujiro Hayashi. Este iniciou Hawayo Takata que no Havaí, trouxe esta técnica para o mundo atual. Mesmo assim o Reiki perdurou no Japão e tem uma linhagem até hoje, totalmente japonesa e sabe-se que seus fundamentos são inegavelmente budistas.

2º Lugar: Energias de procedências negativas são realidade em nosso mundo. Assim como há pessoas tentando salvar vidas, há aqueles que estão desenvolvendo armas para destruí-las. No astral há diversas egrégoras e entidades de alta inteligência, mas de nenhuma moralidade. Se há mestres no astral que se fazem passar por mestres ascencionados ou mestres de Reiki, isso não é novidade e seria de se esperar que assim fosse, num planeta de dualidade e de resgate.

3º Lugar: Existem inúmeras casas espíritas que praticam o Reiki sem nenhuma restrição. Pois se Reiki é energia de elevação, ele só vem a agregar positivamente aos trabalhos espíritas. Há inclusive do meu conhecimento pessoal, centros de APOMETRIA, posso dar os endereços, que permitem a prática de Reiki em seus trabalhos. É claro, que esse trabalho é feito em momentos determinados sem afetar a prática apométrica. Usar o nome APOMETRIA como uma técnica INFALÍVEL, é proceder com extremo fundamentalismo, pois colocar as visões apométricas como sendo a verdade absoluta, é o retorno do "CAÇA ÀS BRUXAS". Colocar TUDO num mesmo caldeirão e atear fogo, é "jogar a criança com a água suja do banho". Em qualquer prática, o DISCERNIMENTO é essencial. Ter uma experiência onde as iniciações foram "assessoradas por seres das trevas" e afirmar que TODAS as iniciações de Reiki, fundamentadas na sua própria experiência, é caír em reducionismos e generalizações infundadas. É preciso esclarecer e separar "alhos de bugalhos". O senhor Gelson cita dezenas de variações de Reiki. A pergunta que faço é: O Senhor submeteu à análise energética e apométrica todas essas escolas para afirmar que todas são obras do ASTRAL INFERIOR?
Se a resposta é negativa, então porque afirmar coisas tão genéricas sem um fundamento na experiência própria?
TUA EXPERIÊNCIA FOI TUA e ela, com todo o respeito, não é autoridade para afirmar que todas as práticas de REIKI são negativas, não é mesmo? 

Não seria mais prudente, avisar aos seus leitores que realmente, há "mestres" ligados a forças negativas, mas que suas iniciações não ligam as pessoas com as energias da LUZ? É como disse um leitor em um comentário: "TREVAS SÓ SE ENCONTRAM COM TREVAS".

4º Lugar: As reações ao Reiki são muito variadas, mas se a pessoa recebeu a iniciação de um mestre ligado à egrégora positiva, poderá ter alguns sintomas de purificação de acordo com seu modo de vida e com suas práticas espirituais. Dizer que "ter dores de cabeça" ou dores pelo corpo são sinais de atuação das "forças negativas" é criar um medo desnecessário. Qualquer prática que movimente o KI, como Yoga, Tai chi ou Chi Gong, também provoca alterações e reações de limpeza e purificação. REIKI só pode ser energia positiva, qualquer outra coisa que provoque desarmonia, com certeza, não é REIKI. Apesar de usar o mesmo nome, isso não é ilegal, mesmo sendo imoral.

5º Lugar: Há inúmeras pessoas que praticam o Reiki, que como eu, atuam com o Reiki voluntário sem cobrar nada e dão cursos para pessoas carentes para ajudá-las com a prática da auto-aplicação.
Há centros como a CASA DO CONSOLADOR que praticam o Reiki. Você conhece o trabalho da Drª Mônica de Medeiros?

6ª Enfim, espero que o Sr. Gelson possa reconsiderar e investigar melhor o Reiki e suas fontes espirituais japonesas, cujos fundamentos estão ligados aos Budas e Seres de Luz.

Muita PAZ, LUZ E AMOR.

domingo, 17 de julho de 2011

19 - A VERDADEIRA FELICIDADE



O texto abaixo é um excerto do livro "O caminho da felicidade", onde o pensador Huberto Rodhen discorre sobre onde precisamente, devemos buscar a felicidade. O ego como vimos nos posts anteriores, busca a satisfação somente para si mesmo e os "outros" são meros instrumentos para alcançar os seus fins. A busca da realização e da felicidade é apenas alcançada quando existe renúncia, humildade e entrega ao divino dentro de nós, nosso EU SOU. 

Que é ser feliz? Huberto Rodhen

"Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do Universo, consciente ou inconscientemente. A natureza extra-hominal é inconscientemente feliz, porque está sempre, automaticamente, em harmonia com o universo. Aqui na Terra, só o homem pode ser conscientemente  feliz e também conscientemente infeliz.


...Com o homem começa a bifurcação da linha única da natureza; começa o estranho fenônemo  da liberdade em meio à universal necessidade. A natureza só conhece um dever compulsório. O homem conhece um querer espontâneo,seja rumo ao positivo,seja rumo ao negativo.


O desejo universal é a felicidade-e, no entanto, poucos homens se dizem felizes. A imensa maioria da humanidade tem a potencialidade ou possibilidade de ser feliz-poucos têm a felicidade atualizada ou revisada...


Qual a razão última por que muitos homens não são felizes, quando o poderiam ser?


Passam a vida inteira marcando passo no plano horizontal do seu ego externo, e ilusório-nunca mergulharam nas profundezas verticais do seu Eu interno e verdadeiro. E quando a sua infelicidade se torna insuportável, procuram atordoar, esquecer, narcotizar temporariamente esse senso e infelicidade, por meio de diversos expedientes da própria linha horizontal, onde a infelicidade nasceu...


Camuflar com derivativos e escapismos a infelicidade não é solucionar o problema; é apenas o mascarar e transferir a infelicidade para outro tempo- quando a infelicidade torna a se manifestar com redobrada violência.


Remediar é remendar-não é curar,erradicar o mal.


A cura e a erradicação consiste unicamente na entrada em uma nova dimensão de consciência e experiência. Não consiste em uma espécie de continuísmo- mas sim em um novo início, em uma iniciativa inédita, numa verdadeira iniciação...


Todos os mestres da humanidade afirmam que a verdadeira felicidade do homem, aqui na Terra, consiste em "amar o próximo como a si mesmo". Ou então em "fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam."


Existe essas possibilidade de eu amar meu semelhante assim como me amo a mim mesmo?
Em teoria,muitos o afirmam; na prática poucos o fazem.
De onde vem essa dificuldade?


Da falta de um verdadeiroa autoconhecimento. Pouquíssimos homens têm uma visão nítida da sua genuína realidade interna; quase todos se identificam com alguma facticidade  externa, com o seu ego físico, seu ego mental ou seu ego emocional. E por essa razão não conseguem realizar o amor-alheio igual ao amor-próprio...


Amor-próprio não é necessariamente egoísmo. Egoísmo é o amor-próprio exclusivista, ao passo que o verdadeiro amor-próprio é inclusivista, inclui todos os amores-alheios no seu amor próprio, obedecendo assim ao imperativo na natureza e à voz de todos os mestres espirituais da humanidade.


Enquanto o homem marca passo no plano horizontal do seu ego, o que pode haver em sua vida é guerra e armistício-mas nunca haverá paz... O ego ignora totalmente o que seja paz. O ego de boa vontade assina armistícios temporários, o ego de má vontade declara guerra de maior ou menor duração-. mas nem esse nem aquele sabem o que seja paz...


Paz e alegria duradouras nada têm de ver com guerra e armistício, que são do ego, de boa ou má vontade; a paz e a alegria permanentes são unicamente as do Eu divino no homem.


Onde não há autoconhecimento, experiência da realidade divina do Eu espiritual, não há felicidade, paz, alegria, Enquanto o homem conhece apenas o seu ego físico-mental-emocional, vive ele no plano da guerra e do armistício; quando descobre o seu Eu espiritual, faz o grande tratado de paz e alegria no templo da Verdade Libertadora...


Os mestres também deixaram perfeitamente claro que essa paz durável, sólida, dentro do homem e entre os homens, não é possível no plano meramente horizontal do ego para ego, mas exige imperiosamente  a superação desse plano, o ingresso na ignota zona da verticalidade do Eu. Os grandes mestres, sobre tudo o Cristo, não convidaram os seus discípulos apenas para passar de um ego de má vontade (vicioso) para um ego de boa vontade( virtuoso)-a mensagem central de todos os mestres tem um caráter metafísico, ontológico, cósmico; é a transição de todos e quaisquer planos horizontais-ego para a grande vertical do Eu da sabedoria, do "conhecimento da Verdade Libertadora..."


O ego de boa vontade é, certamente, melhor que o ego de má vontade-, mas só o Eu Sapiente está definitivamente remido de todas as suas irredenções e escravidões. Somente a Verdade, intuída e vivida, é que dá libertação real e definitiva..."

O caminho da felicidade,páginas 17 a 21-Segunda edição 2005,editora Martin Clare
Veja mais sobre a Filosofia Univérsica em:




sábado, 18 de junho de 2011

18 - O ENGRAMA E A FORMAÇÃO DOS SAMSKÁRAS - Parte 3


 

Nossos egos são então formados, através de eons, de marcas ou engramas que em sânscrito são conhecios como samskáras. Samskáras ou impressões na consciência, ao se atualizarem em cada uma de nossas vidas, são chamadas de vásanas ou hábitos. Toda a nossa dor e sofrimento, encontram em nossos apegos, âncoras de sustentação que vida após vida, nos levam a repetir os mesmos erros e a cair em inconsequência  de nossos atos. Com isso, nosso ego é fortalecido e mais uma vez, caímos na escuridão. O trabalho de libertação do ego, seja dentro de uma disciplina espiritual específica ou através da roda da vida ou caminho da vida mundana, nos leva a perceber a inutilidade e futilidade de nossos desejos egóicos,  despentando assim, o "desejo real" de encontrar nossa alma.

O texto a seguir elucidará um pouco mais esta questão. Até o momento vimos o que nos separa da Vida e do Universo, nos próximos posts, buscaremos o que nos conecta a Ele.

 

Os samskáras e os vasanás na estrutura psíquica do ser humano

Na literatura sânscrita do Yôga não há um termo que traduza literalmente o sentido da palavra "inconsciente", porém, nela aparecem muitos termos que só podem ser compreendidos supondo-se uma concepção de inconsciente. Poderíamos sem exagero dizer que o inconsciente é uma invenção hindu, basta vermos a importância que possui no Yôga seus termos similares.
1.1 Samskára (impressões)
Os processos mentais (chittavritti) deixam na mente impressões subconscientes, que Pátañjali chama de samskára. Estas impressões permanecem na mente de modo latente, influenciando a vida psíquica, são o que o Yôga chama também de "sementes" (bíja), que produzem "tendências" (vásana), novos pensamentos, redemoinhos mentais (vrittis). Cabe ao praticante de Yôga impedir o surgimento dos samskára e destruir as impressões e tendências que buscam atualização.
Quando uma tendência ou impressão se atualiza, transforma-se em hábito e se aprofunda como samskára. Se tal hábito não é superado, suprimido ou sublimado, ele se transformará em vício, implicará pelo menos a dependência psíquica e a compulsão ao ato repetitivo. Por exemplo: se alguém experimenta um cafezinho num intervalo de trabalho, tendo isto como algo agradável, tenderá a repetir a experiência em todos os intervalos de trabalho, e se sentirá necessitado de um café no dia em que tal atualização não for possível.
Para Pátañjali samskára é o mesmo que memória, já que sem memória não permaneceria na mente impressão alguma, e tampouco haveria desejo de reprisar qualquer ato que fosse.
1.2 Vásana (tendências)
O termo sânscrito vásana também é usado por Pátañjali num sentido quase igual ao de samskára. Podemos traduzir vásana como tendência latente ou impulso. A diferença sutil entre samskára e vásana é que o primeiro tem uma conotação estática de impressão, registro, enquanto que o segundo seria a faceta dinâmica da impressão, ou seja, sua manifestação como tendência, desejo, pulsão. Escreve Feuerstein:
"Os samskára de um mesmo tipo combinam-se para formar configurações ou 'rastros' (vásana) na mente profunda."
Quase ninguém faz tal distinção, pois ambos aparecem juntos e no fundo são a mesma coisa. Mircea Eliade escreve:
"A vida é uma contínua descarga de vásanas que se manifestal nos vrittis. Psicologicamente, a existência humana é uma incessante atualização do subconsciente, mediante 'experiências'. Os vásanas condicionam o caráter específico de cada indivíduo; tal condicionamento está de acordo com a herança e com a situação kármica do indivíduo."
Isto significa de um lado que o reconhecimento da ilusão por si só não liberta o homem, pois segundo o Yôga, nele os vásanas continuarão atuando. De outro lado sabemos que os vrittis podem ser com kleshas ou sem kleshas, e que o termo klesha pode ser traduzido como "mancha", "impureza". Daí que o conceito de vásana está bastante próximo da psicanálise freudiana, pois as tendências aparecem como desejos. Pulsões impuras do inconsciente e desejos inconfessáveis do "id" são quase o mesmo. O impulso inconsciente quer se tornar consciência, o desejo quer se realizar e repousar.
No Yôga os impulsos inconscientes possuem uma dimensão muito ampla, pois estão associados à idéia do karma. São as ações que cobram suas conseqüências num circuito de causa e efeito, em que os atos se registram como expressões de experiências agradáveis ou desagradáveis, em que as impressões se transformam em tendências que, ao se atualizarem na consciência, conduzem irremediavelmente e de novo ao ato. Este círculo é rompido quando o espírito (Purusha) deixa de ser arrastado pela matéria (Prakrití); a ignorância se desfaz quando o yôgi adquire o discernimento e faz uso das técnicas do Yôga. Escreve Pátañjali:
"Hetu-phálashrayálambanaih samgrihítatvád eshám abháve tad-abhávah"."Estando interligados (samgrihitatvád) como causa-efeito, substrato-objeto (ashraya = apoio, suporte, 'substrato'; alambanaih = objeto), os efeitos desaparecem (abhávah) quando a causa desaparece (abháve)".Y. S. - IV, 11
Demonstra o Yôga que os samskáras e vásanas são grandes obstáculos à iluminação, o inconsciente se opõe à ascese, por isso se impõe seu necessário domínio e conscientização. Há também o medo, pois as pulsões inconscientes temem não se atualizarem, e o ego teme sucumbir às forças totalizadoras do inconsciente.
A satisfação dos desejos e a manifestação de formas são impulsos egóicos de exteriorização, mas realizar um desejo é esgotá-lo, e a plenitude de ser das formas está na consumação das mesmas. Donde se fala de uma ânsia de não ser, as tendências kármicas querem todas se auto-destruir, satisfazer-se. Todo o universo material (Prakrití) caminha em direção ao repouso, à reabsorção numa unidade original.
Extraído do livro Yôga e Consciência, de HENRIQUES, Antônio Renato. Pág. 84-87. 2a. ed. Ed. Rígel. São Paulo, 1984












quinta-feira, 31 de março de 2011

17 - “DESPERTAR” O ENGRAMA - Parte 2


Continuando nosso estudo, vamos dar ênfase agora a como o engrama pode ser ativado. Ele depende apenas de um gatilho, ou uma certa reestimulação, como veremos a seguir:
"Ao usar o exemplo anterior de uma mulher que tinha sido derrubada, pontapeteada e disseram que ela não prestava e estava sempre a mudar de ideias, vamos ver como o engrama original “desperta”. Algum tempo depois, quando o seu ambiente atual contém semelhanças suficientes com os elementos encontrados no engrama, ela vai experimentar uma reativação desse engrama.
Por exemplo, se uma noite a torneira estava aberta e ela ouviu o som de um carro que passava no lado de fora (os quais aconteceram durante o engrama original) e, ao mesmo tempo, o seu marido (o homem no seu engrama) estava a reclamar com ela sobre algo no mesmo tom de voz, ela podia sentir uma dor no lado (onde foi pontapeteada anteriormente). E as palavras ditas no engrama podem também tornar-se comandos no presente: ela pode sentir que ela não presta ou ter a ideia de que ela estava sempre a mudar de ideias.
A mente reativa está a dizer-lhe que ela está numa área perigosa. Se ela fica, a dor nas áreas em que ela foi maltratada poderia tornar-se uma predisposição para a doença ou uma doença crónica em si. Este fenómeno de “despertar” o velho engrama é chamado reestimulação.
A mente reativa não é uma ajuda à sobrevivência de uma pessoa pela excelente razão que, embora seja forte o suficiente para aguentar a dor e “inconsciência”, não é muito inteligente. A sua tentativa de “impedir uma pessoa de estar em perigo”, ao forçar o seu engrama, pode causar medos, emoções, dores e doenças psicossomáticas, não avaliadas, desconhecidas e indesejadas, e que a pessoa estaria muito melhor sem."
Nos próximos posts trataremos de como os "engramas" são vistos pela sabedoria oriental, principalmente pelo Yoga e o Budismo.

16 - NOSSO EGO É UM CONJUNTO DE MEMÓRIAS OU ENGRAMAS - Parte 1

O QUE SÃO ENGRAMAS?




Caros amigos, o texto que segue foi retirado de um site sobre a Cientologia. Apesar de receber inúmeras críticas, como organização que se tornou uma seita, com seguidores tão famosos como Tom Cruise e John Travolta, ela propaga um ensinamento interessante que vale a pena ser investigado, pois existe muita relação com a sabedoria oriental como veremos nas postagens seguintes.
"O banco reativo não armazena memórias como as conhecemos. Ele armazena determinados tipos de quadros de imagem mental chamados engramas. Estes engramas são gravações completas, até ao último detalhe mais exatos, de todas as percepções presentes num momento de “inconsciência” parcial ou total.

Eis um exemplo de um engrama: uma mulher é derrubada por um soco na cara. Ela fica“inconsciente”. Ela é pontapeteada no lado e dizem-lhe que ela é uma fingida, que ela não presta, que está sempre a mudar de ideias. Uma cadeira é derrubada no processo. Uma torneira está aberta na cozinha. Um carro está a passar na rua.
O engrama contém um registo contínuo de todas essas percepções.
O problema com a mente reativa é que ela “pensa” em identidades, uma coisa é idêntica à outra.
Uma equação é A=A=A=A=A. Uma computação da mente reativa sobre este engrama seria: a dor do pontapé é igual à dor do soco, é igual à queda da cadeira, é igual à passagem do carro, é igual à torneira, é igual ao facto de que ela é uma fingida, é igual ao facto de que ela não presta, é igual ao facto de que ela muda de ideias, é igual aos tons de voz do homem que bate nela, é igual à emoção, é igual a uma fingida, é igual a uma torneira aberta, é igual à dor do pontapé, é igual à sensação orgânica na área do pontapé, é igual à queda da cadeira, é igual a mudar de ideias, é igual... Mas para quê continuar? Cada percepção neste engrama é igual a todas as outras percepções neste engrama."

domingo, 6 de fevereiro de 2011

15 - GENE EGOÍSTA X GENE ALTRUÍSTA? QUAL DELES É NOSSA HERANÇA?

JANUS - DEUS ROMANO

Janus ficou conhecido como o “deus das portas”, representado por uma figura com duas faces, que olhavam em direções opostas, uma para frente, outra para trás, vislumbrando passado e futuro. http://www.papodebolsa.com/?p=32745

Esta imagem de Janus, ficou muito conhecida pelo filme atualmente lançado, chamado "O Turista" com Johnny Depp e Angelina Jolie. Neste filme, os personagens desempenham papéis que na verdade, nunca são o que parecem. Isso em verdade, é a natureza do nosso "ego". Usamos máscaras que, convenientemente, utilizamos em várias situações. Elas são nossas estratégias de sobrevivência.

Esta série de posts, seguem uma sequência de estudo, onde buscamos o desvelamento ou seja, "a engenharia reversa do ego". Engenharia reversa é a técnica utilizada para desmembrarmos um aparato e ao decompô-lo em várias partes menores, entendermos como ele funciona.

Ao entendermos o funcionamento de qualquer coisa, podemos em tese, dominar a sua utilização. Os vários mestres espirituais nos deram ensinamentos de como podemos compreender os mecanismos automáticos do nosso ego e como superá-los pela meditação e principalmente pela observação e a ação compassiva, que segundo o budismo se chama "Bodhicitta" ou mente iluminada pela compaixão.

Abaixo segue um texto de Krishnamurt sobre a natureza do eu ( ego ):


O MOVIMENTO DO EGO


O que é esse “eu”? É possível, de alguma maneira, libertar-se da atividade centrada no "eu"? Há um "eu" real separado da imagem criada pelo próprio "eu"? .
KRISHNAMURTI: O que entendemos por "eu"? Se você perguntar a alguém o que é o "eu", ele diria "São todos os meus sentidos, meus sentimentos, minha imaginação, minhas exigências românticas, todas as minhas posses, um marido, uma esposa, minhas qualidades, minhas lutas, conquistas, ambições, minhas aspirações, minha infelicidade, minhas alegrias" – TUDO ISSO seria o "eu".
Você pode acrescentar mais palavras, mas a essência dele é o centro, o "eu", meus IMPULSOS (deslocamento de um conjunto de sensações para um outro conjunto de sensações projetado delas próprias como realizações): - "Sinto-me impelido a ir a Índia para encontrar a verdade" - e assim por diante. A partir desse centro, ocorre toda ação; todas as nossas aspirações, nossas ambições, desavenças, nossas desacordos, nossas opiniões, julgamentos, experiências, estão centrados nisso. Esse centro não é apenas o "eu" consciente agindo exteriormente (nos movimentos corporais voluntários e involuntários; das reações comportamentais comuns do cotidiano que fere a imagem que temos de nós de importância, valor, diretos, deveres etc.), mas também a profunda consciência interior que não é aberta e evidente; ele é TODOS os diferentes níveis de consciência.
Agora, o consulente pergunta: É possível libertar-se desse centro?
Por que nós (que somos o movimento desse centro) queremos libertar dele? Seria por¬que o centro é causa de divisão (maléficos, dores, sofrimentos, mágoas, ressentimentos)?
Isto é, o "eu" é o elemento ativo que está agindo o tempo todo; é o mesmo "eu" (um único movimento de relações interligado milenarmente perpetualizado em reações de causas e efeitos, fracionado em seu conteúdo mental único de aparência particularizada em cada ser humano) com diferentes nomes, com uma pele de cor diferente, com uma tarefa diferente, com uma posição diferente na hierarquia da estrutura social - você é o Senhor Fulano de Tal, outra pessoa é um criado - é o mesmo "eu" dividindo-se social, econômica e religiosamente - em todas essas diferentes categorias.
Onde há essa divisão deve haver conflito - o hindu que se opõe ao muçulmano, ao judeu, ao árabe, ao americano, ao inglês, ao francês. Isso é óbvio, fisicamente, e tem causado guerras terríveis, grande aflição, brutalidade e violência. O "eu" IDENTIFICA-SE (se expande buscando continuidade na busca de satisfação e prazer na segurança ideológica de ser algo que imagina) com um ideal - nobre ou ignóbil - e luta por esse ideal.
Contudo, trata-se ainda do "caminho do ego"!
As pessoas vão a Índia em busca de espiritualidade; vestem diferentes fantasias, mas mudaram somente de aparência, de roupas; elas são, essencialmente, o "eu" agindo, lutando TODO O TEMPO, esforçando-se, agarrando, negando, e estão profundamente apegadas as suas experiências, idéias, opiniões e desejos. E, a medida que se vive, observa-se que esse centro, esse "eu", é a essência de todos os problemas. Observa-se, também, que ele é a essência de todo prazer, medo e tristeza.
Pergunta-se, portanto: "Como escapar desse centro para ser REALMENTE livre - de forma absoluta e não relativa?" É bastante simples ser relativamente livre; pode-se ser um tanto desprendido, um tanto preocupado com o bem-estar social, com as dificuldades dos outros, mas o centro (gerenciador de ação) está sempre lá, brutal, mordendo duramente.
É possível LIVRAR-SE TOTALMENTE desse centro?
Antes de mais nada, vejam que, quanto maior o esforço feito para libertar-se desse centro, mais a própria luta o fortalece, - FORTALECE (esse movimento auto-identificado expansionista para ser, ou ter alguma coisa) O "EU". Para aqueles que se desgastam em meditações de várias espécies, tentando impor (projeções) algo a si mesmos, o "eu", que SE IDENTIFICA com esse esforço, é capturado por ele e diz: "Eu consegui", mas esse "eu" AINDA é o centro. Para libertar-se, é preciso que NÃO haja esforço (volição), o que não significa fazer o que se quer, pois isso (qualquer coisa que se faça) é AINDA o movimen¬to do "eu".
Portanto, o que é que se tem de fazer?
Se você NÃO deve se esforçar porque acredita (sabe de fato) que, quanto maior o esforço feito, maior será a resistência do centro, então (nada faça, apenas observe o movimento de forma descontinua sem nada acumular do observado), o que se deve fazer? O consulente pergunta: Há um verdadeiro "eu", separa¬do do "eu" criado pelo pensamento através de suas imagens?
Muitas pessoas perguntam isso!
Os hindus dizem que há um princípio mais alto, que é o "eu".
Nós imaginamos também que existe um "eu" (imortal, eterno) verdadeiro, separado do "eu" (movimento de coisas mortas). Vocês todos, estou certo, “sentem” (projeção prazerosa que gostaríamos de fosse real, verdadeira) que há algo além desse (movimento para vir a ser ou a ter alguma coisa) "eu", algo que tem sido chamado (imortalizado e permanente) de o "eu mais elevado", o "sublime ou o supremo eu".
No momento em que usamos a palavra "Eu", ou usamos qualquer palavra para descrever aquilo que (imaginamos) está além do "eu", o "eu" (imortal e permanente que imaginamos, projetamos), trata-se ainda do "eu" (simples movimento de coisas mortas – memórias, conhecimentos arquivados - para vir a ser ou ter algo).
É possível libertar-se do "eu"? - sem tornar-se um vegetal, sem tornar-se distraído, de certo modo louco?
Em outras palavras: é possível ser totalmente livre de apegos? - o que é um dos atributos, uma das qualidades do "eu".
As pessoas são apegadas a própria reputação, ao próprio nome, as próprias experiências. São apegadas ao que dizem. Se você quer realmente libertar-se do "eu", isso significa ausência de laços; o que não quer dizer que você se torne desinteressado, indiferen¬te, insensível, que se feche em si próprio, pois TUDO ISSO (ainda) é uma outra atividade do "eu". Antes, ele estava apegado; agora, ele diz: "Eu não me apegarei". Esse é ainda um movimento do "eu".
Quando você está REALMENTE desapegado, mas SEM esforço, de uma forma profunda, básica, então, desse profundo senso de desapego nasce à responsabilidade (seriedade). Não responsabilidade por sua esposa, por seus filhos, mas o profundo senso de responsabilidade (em todas as relações da vida – natureza, coisas, pessoas, idéias etc. – através da observação descontínua, sem interferência do passado, nada arquivando como memória).
Você esta disposto a isso? Esta é a questão!
Podemos discutir eternamente, usar palavras diferentes, mas quando chega a hora de por isso em prática (sentir a responsabilidade), de agir, parece que NÃO QUEREMOS fazê-lo; PREFERIMOS CONTINUAR como somos, (temos medo, receio de abandonar o conhecido morto que permanentemente trazemos para o presente vivo) com o “status quo” ligeiramente modificado, mas levando adiante (dando continuidade ao movimento) nossos conflitos.
Libertar-se da própria experiência, do próprio conhecimento, da própria percepção acumulada - é possível se você se empenhar (seriedade sem esforço, de forma descontinua no cotidiano comum de nossas vidas) energicamente. E não toma tempo (não é um exercício bobo que temos que nos observar descontinuamente – é a vida comum normal de cada dia de qualquer pessoa em toda e qualquer atividade – são “flashs”, “insight” em micronéssimos de fração de segundos em nosso relacionamento, onde a consciência livre do conteúdo morto observa a relação - percebe-se em movimento e não registra na memória). Essa é uma de nossas desculpas: precisamos ter tempo para sermos livres.
Quando você percebe que um dos maiores fatores do “eu” é o apego, e observa o que ele faz no mundo (guerras, misérias, corrupção, violência) e ao seu relacionamento com os outros – desavenças, separação, toda a fealdade de um relacionamento – se você PERCEBE A VERDADE sobre o apego, então você estará LIVRE dele (é a verdade que liberta). Sua própria percepção o libertará.
Você está disposto (a morrer para todas as gostosas e viciadas ilusões milenares) a isso?
Brockwood Park, Inglaterra, Ojaí, Califórnia e Saanen, Suíça agosto 1979 à setembro 1980 – págs.9/12 do livro “PERGUNTAS E RESPOSTAS” – Cultrix 1986 – tradução de Enid Abreu Dobranszky.



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

14 - EGOÍSMO OU ALTRUÍSMO ?

Esta pergunta é fundamental,  para todo aquele que busca entender porque a Humanidade tem enfrentado tantos problemas como a miséria, a fome e a guerra. Se a História Humana mostra que isso sempre foi uma constante, seria possível encontrarmos uma outra via ou modo de vida? Porque apesar de tantos mestres espirituais terem trazido tantos ensinamentos sagrados, que revelariam um novo caminho, nós relutamos em seguí-los, preferindo ainda uma busca desenfreada por prazeres pessoais?
Qual é a diferença entre o desejo de receber e o desejo de compartilhar? Se somos um ser criado à imagem e semelhança de Deus, porque não agimos como Ele? São tantas perguntas!
Bem, em primeiro lugar, peço que o leitor veja (e reveja várias vezes ) o vídeo abaixo e reflita:

Será que a questão se resume em não conseguimos ainda, mudar o programa do egoísmo?



VEJA O VÍDEO E ALTERE SUA PERCEPÇÃO DA REALIDADE!



Quer conhecer um pouco mais sobre essa antiga filosofia e como ela pode lhe ajudar a despertar o seu altruísmo e superar o egoísmo? Acesse:

http://www.kabbalah.info/brazilkab/cabala_revelada_completa_1.htm