segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

9 - TRAGÉDIA NO RIO DE JANEIRO - A DOR NOS TORNA UM

Com a tragédia recente no Rio de Janeiro, ficamos sabendo de vários casos de bravura e coragem de pessoas que não se conformaram com a trágica situação do seu entorno e passaram a se dedicar em ajudar aqueles que perderam tudo. Um desses casos me tocou particularmente e foi vinculado na Tv no último dia 15/01/11. Abaixo segue um resumo da notícia e o respectivo vídeo:

"Nessa tragédia, surgem muitos voluntários dispostos a ajuda quem precisa. Mas a história de um deles merece ser contada com detalhes. Em Nova Friburgo, o repórter Tiago Eltz conheceu o pedreiro Leandro Machado.



Leandro tem sido uma ajuda preciosa para os resgates. Conhece como ninguém o interior do município. Quando chega um pedido de ajuda, é ele quem indica no mapa o local onde o helicóptero tem que ir. E, muitas vezes, ele mesmo vai na aeronave para ajudar os pilotos.
“Foi um dos primeiros que apareceu aqui para dar as indicações dos locais sem acesso. Foi um cara bastante fundamental pra gente. Está aqui com a gente o tempo todo”, destacou o tenente-coronel Sérgio Sardinha.
Mesmo sendo tão útil, ele seria apenas mais um voluntário, se não fosse o drama que está vivendo. Leandro perdeu a mulher, a mãe e o filho, de apenas 2 anos, nos deslizamentos em Friburgo. Neste sábado (15), ele guiou o helicóptero mais uma vez. Agora, para o local onde morava, uma área destruída pela enxurrada.
Leandro não estava no local, no dia dos deslizamentos. Não imaginou que a casa, cercada de mata nativa, pudesse ser atingida. Ele acabou em meio à enchente e decidiu, imediatamente, ajudar os outros. E foi trabalhando como voluntário, em uma área próxima a casa dele, que veio a notícia das mortes dos familiares. Mesmo atordoado, tomou a decisão que impressionou até os bombeiros. Sem ter como ajudar a próxima família, ele decidiu continuar ajudando os outros."

Essa notícia é realmente muito comovente e como o propósito desse Blog é buscar a unidade humana, vejo que na dor encontramos também, uma forma de compartilharmos nossa essência interior e nosso sofrimento. Ao longo da história, vários pensadores se debruçaram sobre a impermanência da matéira e principalmente pela compaixão e solidariedade diante do sofrimento do próximo.

Trago aqui um excelente texto do filósofo Arthur Schopenhauer sobre a compaixão:
"Quando a ponta de véu de Maia ( a ilusão da vida individual ) se ergue diante dos olhos de um homem, de tal modo que já não faz diferença egoísta entre si mesmo e o restante dos homens, e interessa-se pelos sofrimentos dos outros como pelos próprios, tornando-se assim caritativo até à dedicação, pronto a sacrificar-se pela salvação de seus semelhantes, esse homem, chegando assim ao ponto de se reconhecer a si mesmo em todos os seres, considera como seus os sofrimentos infinitos de tudo quanto vive, e apodera-se, dessa forma, da dor do mundo. Nenhuma miséria lhe é indiferente, todos os tormentos que vê e tão raramente lhe é dado amenizar, todas as angústias de que ouve falar, inclusive aquelas que lhe é possível conceber, pertubam-lhe o espírito como se fosse ele a vítima."


Este texto é bem claro ao afirmar que a alteridade só pode ser compreendida, quando o ser humano possuir a abertura para ver e ao mesmo tempo, sentir o seu próximo tão presente, como a si mesmo. Isso foi o que todos os grandes líderes religiosos e espirituais disseram ao longo de milênios.


Fonte da reportagem:  http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/01/pedreiro-perde-familia-e-ajuda-como-voluntario-nos-resgates-de-nova-friburgo-rj.html

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